quarta-feira, 13 de março de 2019

Transmissão da sífilis de mãe para filho gera grande impacto

Pesquisa sobre dinâmica da doença desperta interesse de publicações científicas e da mídia internacional

Foto: João Paulo Barbosa

Entre as infecções sexualmente transmissíveis de maior incidência global, a sífilis é uma doença de expressivo impacto na saúde pública e grande parte disso está na transmissão da mãe para os fetos e recém-nascidos.  Pesquisa científica desperta interesse no mundo ao fornecer uma nova metodologia para entender a dinâmica da sífilis e servir como ferramenta para controlar ou até eliminar essa transmissão vertical da doença.

O estudo realizado na região do Pontal do Paranapanema, no interior de São Paulo, ganhou as manchetes e páginas de periódicos científicos e da mídia internacional, especialmente dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e China. As mais de 780 visualizações, em menos de 24 horas, no ScienseDaily  atesta o interesse da comunidade científica diante da preocupação de uma epidemia mundial.

Na pesquisa foram utilizados dados sobre a incidência da sífilis de 2007 a 2013, extraídos do Sistema Nacional de Agravos e Notificações (Sinan). O mapeamento de 32 cidades pontuou como as taxas variam de local e ao longo do tempo, tanto da sífilis em gestantes quanto a sífilis congênita. Coletados os dados, foram feitas as análises estatísticas, seguindo a produção dos mapas temáticos.

Na identificação de focos da doença, o índice de gestantes (80 casos), embora alarmante, foi menor que o do estado; e o de congênitos (61) foi maior, em 2007; tendo sido acentuado em 2011.  “Tem mais crianças nascendo com sífilis do que mães diagnosticadas”, afirma o biomédico doutor em doenças tropicais Marcus Vinícius Pimenta Rodrigues, pesquisador vinculado à Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente.

Na condição de orientador da pesquisa e produção de dissertação pela biomédica Joyce Marinho de Souza, junto ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, o Dr. Rodrigues alerta sobre o preocupante problema de subnotificação no Pontal, o que provavelmente esteja ocorrendo no plano nacional de subnotificação.

A notificação abaixo do esperado pode estar acarretando um número maior de bebes com a doença, em relação ao número menor de mães. Outra possibilidade é a de mães diagnosticadas e tratadas, mas que durante a gestação tiveram relações sexuais com parceiros infectados. O tratamento também pode não ter sido eficaz. As consequências para o feto são de má formação que, entre outras, podem ser auditiva, oftalmológica e neurológica.

Os resultados do estudo apresentados pela autora podem auxiliar em ação de saúde pública de melhoria da qualidade de vida, com reflexo na economia ao reduzir gastos com tratamento. Também podem aumentar indicadores de desenvolvimento regional e minimizar as taxas de morbimortalidade infantil, conceito médico sobre o índice de mortos por uma doença específica e dentro de determinado grupo populacional.

O Dr. Pimenta Rodrigues vem conduzindo pesquisas nesta mesma linha, desde que tomou conhecimento (2015) do grave problema da sífilis no Brasil, na condição de membro do Conselho Nacional de Saúde. Tem trabalhado conjuntamente com outros pesquisadores brasileiros que atuam dentro e fora do país. Neste trabalho específico teve a colaboração de pesquisadores da Unoeste e de colega radicada nos EUA.

Assim é que, além do orientador e da orientanda, assinam o artigo científico, que ganhou projeção internacional, o doutor em medicina veterinária Rogério Giuffrida, que fez o mestrado na área de vigilância sanitária; a enfermeira doutora em obstetrícia Glilciane Morceli; que lecionava no Programa de Ciências da Saúde; e a doutora em ciências cartográficas Ana Paula Marques Ramos.

A contribuição internacional é da doutora em ciências farmacêuticas Camila Henriques Coelho, com atuação em instituições de pesquisa norte-americanas. A qualidade do projeto de pesquisa possibilitou a Joyce a obtenção de bolsa de mestrado junto à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O artigo derivado de seu estudo já foi publicado em oito plataformas científicas e de mídia, número que deve ser ampliado.

Assessoria de Imprensa Unoeste
Fones: (18) 3229-1185 ou 1090

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