quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Número de auxílio por uso de cocaína cresce 95,5% em Presidente Prudente

Dados contabilizados no município são referentes a três anos.
No ano passado, 2.788 pessoas receberam benefício do INSS.

Em Presidente Prudente, o número de afastamentos dos empregos concedidos pela Previdência Social por causa do uso da cocaína cresceu 95,5% nos últimos anos. De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), vários trabalhadores passaram a receber o auxílio doença devido aos transtornos causados pelo consumo do entorpecente.

Em 2009, no município foram 1.426 pessoas que tiveram acesso ao benefício. Já em 2013, o número de trabalhadores passou para 2.788. Em todo o país, de 2009 a 2013, os dados contabilizados chegaram a 84,6% a mais na quantidade de usuários. No mesmo período, aumentou o número de afastamento dos empregados em 67,3% pelo uso de múltiplas drogas e 19,6% devido ao consumo de álcool.

Além de mudar a rotina de muitas pessoas, o vício em drogas também transforma o comportamento dos usuários. Conforme um trabalhador que não quis se identificar, as faltas no trabalho passaram a ser constantes e resultaram em demissão.

“Tive uma briga com a minha esposa e fui para uma balada, onde encontrei um amigo que conhecia a 'farinha'. Naquela noite acabei usando. Então, usei frequentemente, por 24 horas, e me tornei usuário. Logo em seguida, comecei a faltar e viver sob o efeito da droga. Não conseguia manter a rotina de trabalho, porque eram 24 horas sob o uso da 'farinha'”, contou.

Para conseguir o benefício é preciso provar, por meio de perícia médica, a impossibilidade de exercer o cargo no emprego em razão do uso de drogas. O valor do auxílio varia de acordo com o salário do trabalhador.

A psiquiatra Gilmara Peixoto Rister explica que o comportamento de um dependente químico pode até permanecer normal no início, mas com o tempo ele começa a se alterar.

“O trabalhador passa a ser usuário e começa a ter prejuízos na execução das tarefas do seu trabalho, principalmente no caso das drogas que estimulam o sistema nervoso central. Pode ser que tenha um ganho de energia, mas isso não vai ser traduzido em produção. Quanto mais ganhar de energia, mais acelera o pensamento, diminui a atenção, causa inquietação motora e esse indivíduo vai começar uma tarefa e não vai conseguir terminá-la”, informou.

Se não houver uma recuperação adequada, trabalhar como antes do vício pode ser uma tarefa impossível, segundo Gilmara. “Por mais que o usuário tente sozinho conseguir se livrar disso, ele vai precisar de ajuda tanto do empregador, que também tem uma responsabilidade em cuidar desse trabalhador doente, quanto sua família e ele próprio em buscar um tratamento para essa dependência”, ressaltou.
Para quem está em tratamento, fica um alerta sobre os malefícios dos entorpecentes. “Não queria ter passado pelo que eu passei e não desejo isso a ninguém. Hoje eu penso muito na minha vida e na minha família. Também penso no que perdi e, hoje, Deus está me restaurando. A droga não te leva a nada, só a perdição”, concluiu.

G1 Prudente

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