O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique
Pizzolato, pode escapar de cumprir pena no Brasil se permanecer na Itália pelo
tempo correspondente à condenação estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal
(STF) e com isso conseguir a prescrição da pena. A conclusão é do presidente da
Sociedade Brasileira de Direito Internacional e professor de Relações
Internacionais, Antônio Celso Alves Pereira. “Contando o tempo da prescrição,
passou o tempo e ele está livre. O Brasil não pode prendê-lo mais e ele pode
voltar ao país”, explicou.
Antônio Celso disse que o Tratado de Extradição assinado
entre o Brasil e a Itália, em outubro de 1989 e publicado no Diário Oficial
União em julho de 1993, no Artigo 7º diz que os dois países só extraditarão os
seus cidadãos se assim quiserem e, portanto, não têm obrigação de fazê-lo.
O professor lembrou que esta não foi a primeira vez que o
país europeu tornou-se destino de um condenado no Brasil. O ex-dono do Banco
Marka, Salvatore Cacciola, processado por crimes contra o sistema financeiro
brasileiro fugiu, em 2000, depois de ter conseguido um habeas corpus. O governo
brasileiro tentou a extradição, negada pela Itália. Cacciola viveu lá por sete
anos e só foi preso pela Interpol, porque viajou para Mônaco. Depois de entendimentos
entre o principado e o Brasil ele retornou ao país para cumprir pena de 13 anos
de prisão decretada pela Justiça brasileira.
“O caso é semelhante. Ele ficou na Itália mas, talvez
acreditando piamente na impunidade, saiu e foi para Mônaco. Ao chegar lá, tinha
uma ordem de prisão da Interpol, igual a que já tem para o Pizzolato, e ele foi
preso”, esclareceu o professor.
O ex-diretor do Banco do Brasil, que tem dupla cidadania,
foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão na Ação Penal 470, o processo do
mensalão. Segundo revelou em uma carta pública, a fuga para a Itália tem por
objetivo buscar um novo julgamento em território italiano. Mas para o professor
Antônio Celso, como Pizzolato já foi julgado no Brasil, não cabe um novo
processo na Justiça italiana.
“Ele já foi julgado. Não acredito que seja julgado lá. Acho
difícil. O que vai acontecer é que o Brasil vai insistir e tentar trazê-lo para
o país. A Itália não está errada porque está de acordo com o Direito
Internacional, ou seja com o Tratado que está em vigor”, disse.
A página da Interpol na internet já publicou a foto de
Henrique Pizzolato como procurado pela Polícia Internacional. As informações
sobre ele mostram que tem 61 anos e cidadanias brasileira e italiana.
Agência Brasil
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