Redação
Correio do Estado
Quase quatro meses depois de Cuba anunciar a saída do programa Mais Médicos, Mato Grosso do Sul ainda aguarda a chegada de 34 médicos substitutos dos cubanos. De acordo com informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES), das 114 ocupadas por médicos cubanos em MS, 79 já estão preenchidas. Outras 35 aguardam a chegada de brasileiros formados no exterior sem revalida. Os médicos já foram designados aos municípios, mas estão em Brasília, onde passam por formação.
Iguatemi e Deodápolis são as cidades mais afetadas, pois ainda precisam de três médicos. Paranhos, Costa Rica, Glória de Dourados, Bela Vista e Sete Quedas, precisam de dois médicos. Os demais município tem apenas uma vaga aberta, e os distritos sanitários indígenas ainda tem sete vagas a serem preenchidas.
Ainda segundo a SES, a maioria das vagas disponíveis em Mato Grosso do Sul (60) foi preenchida no 16º ciclo de inscrição de médicos, aberto pelo Ministério da Saúde em 21 de novembro, uma semana após Cuba anunciar que deixaria o programa. Outras 19 vagas foram preenchidas no 17º ciclo de inscrições, aberto em sete de dezembro do ano passado.
MUDANÇAS
O governo deve enviar ao Congresso Nacional, até o meio do ano, uma proposta com novas regras para o Mais Médicos. A informação foi confirmada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que participou, na semana passada, de uma sessão solene sobre doenças raras na Câmara dos Deputados.
Ao deixar o local, Mandetta acenou que o governo espera um momento político mais adequado para enviar a proposta. Na avaliação do ministro, o foco agora é a nova Previdência. “Tem uma reforma muito ampla que ocupa muito o Parlamento. Vamos aguardar o momento certo, politicamente, para a gente enviar. Mas neste semestre vem”, afirmou.
Entre as mudanças a serem sugeridas pela pasta, está a adoção do Revalida para médicos estrangeiros e uma prova de admissão a ser aplicada para todos os profissionais interessados em participar do programa.
“Haverá uma série de alterações em que os princípios são uma seleção por prova, por mérito, abrindo a possibilidade de os médicos de outros países fazerem. Após isso, haverá um processo de revalidação”, adiantou o ministro, que considerou os critérios agora existentes como “políticos” e “pouco claros”.
Mandetta evitou dar mais detalhes sobre a proposta, cujo esboço, segundo ele, deve ser discutido com os parlamentares. “Não adianta eu passar isso fragmentado. Na hora em que estiver com o projeto pronto, quando tiver a base do texto para os parlamentares discutirem, aí a gente fala sobre ele como um todo”, finalizou.
ESPERA
A médica Marlene Povo Perez Pires, 45 anos, está entre os profissionais cubanos que decidiram ficar no Brasil, mesmo após a saída de Cuba do Mais Médicos. Depois de trabalhar por cinco anos em Deodápolis, região sul do Estado, a médica se viu desempregada, mesmo assim decidiu não voltar para seu país de origem, já que se casou com um brasileiro.
Desde que perdeu o cargo, a profissional trabalha como atendente de uma farmácia na cidade. “São novos caminhos. Ninguém imaginava que isso ia acontecer, mas aconteceu. E nós só estamos aqui para trabalhar, a nós só interessa a saúde do povo, as demais coisas, como política, nada têm a ver conosco. Política eu nem gosto”, diz.
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