Com a greve dos bancários, os clientes usaram mais o cheque
especial, mesmo com taxa de juros mais alta em relação a outras modalidades
para pessoas físicas, disse hoje (29) o chefe do Departamento Econômico do
Banco Central (BC), Tulio Maciel. A greve dos bancários começou no dia 19 de
setembro e terminou em meados deste mês.
De acordo com Maciel, com a greve, os clientes deixaram de
fazer depósitos para cobrir a conta e não tiveram acesso a modalidades de
crédito com taxas mais baixas. “O cheque especial, quer seja pela restrição ao
acesso para depósito ou por ser crédito prontamente disponível, pode ter
crescido nesse período por causa da paralisação”, disse ele.
A taxa de juros do cheque especial subiu 4,4 pontos
percentuais de agosto para setembro, chegando a alcançar 143,3% ao ano. O saldo
dessa modalidade subiu 4,3%, em setembro, atingindo R$ 22,032 bilhões.
Maciel acrescentou que, no caso de crédito imobiliário,
modalidade em que é preciso ter acesso às agências para fechar os contratos,
houve redução nas concessões. De agosto para setembro, a queda nas concessões
do crédito imobiliário ficou em 9,5%. As concessões desse tipo de crédito
totalizaram R$ 10,234 bilhões para pessoas físicas.
No total, as concessões de crédito com recursos livres para
pessoas físicas caíram 8,8%, no mês, e ficaram em R$ 18,280 bilhões. O saldo
total das operações de crédito (R$ 2,598 bilhões) teve expansão de 0,8%, em
setembro. Em agosto o crescimento foi maior: 1,3%.
Segundo Maciel, a valorização da taxa de câmbio também levou
a essa moderação no saldo das operações de crédito. Isso porque parte do
crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está
vinculado à variação da taxa câmbio. “Quando o dólar varia, esse estoque aferido
em reais também varia. E esse foi um aspecto que diferenciou este resultado de
resultados anteriores”, explicou o diretor do BC.
A moderação no saldo das operações de crédito foi
acompanhada por taxas de juros mais caras. A taxa de juros cobrada das famílias
subiu 0,7 ponto percentual,de agosto para setembro. No mês passado, a taxa
ficou em 37,2% ao ano para o crédito com recursos livres. Para as empresas,
houve alta de 0,1 ponto percentual, ao registrar 20,7% ao ano, em setembro.
No crédito com recursos direcionados (empréstimos com regras
definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional,
rural e de infraestrutura), a taxa para as empresas ficou estável em 7,4% ao
ano e subiu 0,1 ponto percentual para as famílias (7% ao ano).
Segundo Maciel, o aumento dos juros é consequência das
elevações da taxa básica de juros da economia (Selic). Os juros básicos,
definidos pelo Banco Central, servem de referência para as demais taxas do
mercado. Atualmente, a Selic está em 9,5% ao ano.
Agência Brasil
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