quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Bispo considera ‘insuficiente’ número de padres que atuam na região
Heloise Hamada e Gelson Netto
O bispo Dom Benedito Gonçalves dos Santos afirmou nesta quarta-feira (23) que o número de 60 padres que atuam na Diocese de Presidente Prudente é “insuficiente” para a realidade pastoral da região. Segundo ele, seria necessário um número de dez a 12 padres a mais para atender à demanda dos 28 municípios, que contam com 51 paróquias.
O líder religioso afirmou que as transferências de 39 padres que atuam na região, anunciadas nesta terça-feira (22) para ocorrer em 2014, foram motivadas por uma necessidade de “renovação” das paróquias.
Segundo ele, o objetivo é buscar o “enriquecimento mútuo” tanto das comunidades quanto dos sacerdotes envolvidos. Ele reconheceu que as mudanças chegaram a assustar a comunidade católica devido ao número de transferências, mas ressaltou que já foram feitas transferências anteriores em sua gestão à frente da Igreja na região, desde 2008. Além disso, também salientou que a decisão foi tomada por unanimidade entre os dez conselheiros que se reuniram para tratar da questão nesta terça-feira (22) e que nove deles foram atingidos diretamente pelas remoções. Até então, desde 2008, Dom Benedito havia realizado 17 transferências de padres na diocese.
“Isso é um consenso, é a prática na Igreja. Não foi a primeira e, com certeza, não será a última. Outras deverão vir, buscando o bem pastoral, a realidade pastoral da nossa diocese”, afirmou o líder religioso, em entrevista coletiva na Cúria Diocesana, na tarde desta quarta-feira (23).
Segundo ele, o número grande de transferências foi para que o Clero ficasse “mesclado”. “Ao retirar um sacerdote, eu tenho de pensar também naquele que tem a postura, que tem o perfil para aquele local. Vendo o conjunto, foi feita, então, essa mudança, para que toda a diocese fosse contemplada, no caso, buscando o bem pastoral em todas as regiões e, principalmente, nas paróquias”, afirmou.
Ainda conforme o religioso, foi a conjuntura atual do mundo que levou a uma mudança que ele chamou de “tão profunda” na diocese.
O bispo informou que, em relação à parte pastoral, os padres alvos das transferências demonstraram ter compreendido as mudanças e que pelo menos três sacerdotes lhe procuraram em busca de explicações.
“Espero que o povo, que são os fieis, possa acolhê-los com carinho, não só agradecendo o trabalho dos padres que estão deixando, mas, principalmente, acolhendo aqueles que estão vindo. Com certeza, se isso acontecer e se houver realmente esse congraçamento, será uma grande graça para a nossa diocese”, enfatizou.
Dom Benedito garantiu que vai ter uma conversa individual com cada padre envolvido para explicar os motivos e os objetivos das transferências. Neste contato pessoal, ele pretende esclarecer as “riquezas” que cada paróquia possui para oferecer e as características que os padres terão a somar, para que haja “ganho” na mudança pastoral.
Outro aspecto para o qual ele chamou a atenção está relacionado à “conversão pastoral” dos próprios fieis que eventualmente se sintam “apegados” à pessoa do padre que atua em cada paróquia. “A pessoa tem de ser discípula de Jesus Cristo. Caso não seja, então, a fé não está suficientemente alicerçada”, justificou.
Ele considerou até “natural” que algumas comunidades reclamem das mudanças, mas reiterou que os fieis não devem lutar para “segurar” ou “perpetuar” os padres que lhes atendem. Dom Benedito ressaltou que as comunidades não devem enxergar na figura do padre um “salvador da pátria”. “O padre tem de levar a pessoa a ser discípula e missionária do Cristo Jesus. Se um padre é tão bom na paróquia, lembrar que ele está sendo transferido para outra e vem outro que, com certeza, vai enriquecer esse trabalho pastoral que já era realizado anteriormente”, avaliou.
Ainda conforme o bispo, os padres já estavam de “sobreaviso” de que as mudanças iriam ocorrer na diocese. “A realidade pastoral pede que, no caso, fiquemos atentos e, quando necessário, façamos essas mudanças, buscando o crescimento do reino de Deus entre nós, para que as paróquias possam estar cada vez mais estruturadas, servindo e cumprindo a sua missão”, apontou Dom Benedito.
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