terça-feira, 8 de agosto de 2017

Empresa fantasma vendia madeira extraída de áreas indígenas


Empresa fantasma, com endereço fictício em Ponta Porã, a 323 quilômetros de Campo Grande, foi desmantelada em operação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Na ação, foram apreendidos 235 mil m³ de lascas e palanques de aroeira, volume correspondente a seis carretas bitrens. A madeira retida é avaliada em R$ 425,98 mil.

Registrada com nome de Nunes e Chaves Materiais de Construção, a falsa empresa fraudava o sistema oficial de controle de documento de origem, o que possibilitava a comercialização de madeira de origem ilegal, conforme informou o agente ambiental federal do Ibama/MS, Werneck Almada. Ele conta que a origem da madeira é suspeita, podendo ter sido retirada de reservas ambientais, sobretudo de áreas indígenas.

Para fraudar o sistema, de acordo com a explicação do agente, o autor realizou todos os trâmites necessários para constituir uma empresa e conseguiu acesso ao chamado DOF (Documento de Origem Florestal). “Com capital podre (que nem existe), essa falsa empresa deu início a sua atividade”, contou o agente.

Ele não informou a identidade do “responsável pela empresa”, devido à possibilidade de ser um laranja e nem sequer ter conhecimento de que seu nome está sendo usado para práticas ilícitas. “Isso ocorre muito. Tivemos três casos em que as empresas estavam em nomes de pessoas que já tinha morrido”, exemplificou.

O Ibama monitora os acessos das empresas no sistema do DOF e o que chamou a atenção, no caso da falsa madeireira de Ponta Porã, foi a quantidade muito pequena de madeira que seria comercializada para outras cidades. “Eles colocavam, por exemplo, um volume de meio metro de lasca. Quem vai comprar essa quantidade, tendo de pagar frete?”, questionou.

A madeira apreendida na ação, realizada de 2 a 5 deste mês, havia sido destinada a seis propriedades rurais dos municípios de Camapuã, Figueirão, Alcinópolis e Coxim. Foram lavrados seis autos de infração, no valor total de R$ 70,8 mil.

Conforme Werneck, a prática de constituição de empresas fantasmas para extração ilegal de madeira, principalmente, de reservas indígenas, é comum na região de fronteira. “Só nos últimos dois anos, já fechamos mais de 50 falsas empresas desse tipo”, calculou.

DaHoraBataguassu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário