domingo, 1 de maio de 2016

Situação de trabalho escravo volta a ser apurada no Oeste Paulista

Problema, que estava zerado, tem quatros processos instaurados em 2016.
Uma das denúncias trata de jornadas que chegam a 27 horas.

Stephanie FonsecaDo G1 Presidente Prudente
Ministério apura denúncias de possível trabalho escravo no Oeste Paulista (Foto: Arquivo/G1)MPT apura denúncias de possíveis situações de trabalho escravo no Oeste Paulista (Foto: Arquivo/G1)









Depois de passar 2015 zerada, a região de Presidente Prudente voltou a ter denúncias de trabalho escravo neste ano. Já foram quatro processos instaurados, conforme dados do Ministério Público do Trabalho (MPT). O número de ações trabalhistas instauradas pelo MPT chega a 176 nos primeiros quatro meses de 2016 (soma até o dia 26 de abril). O total corresponde a 24% dos dados no ano passado, com 731 inquéritos.

Dois casos, que estão em fase de investigação e ainda sem conclusão, reclamam de problemas em áreas de construção civil, cujas ações foram protocoladas em Presidente Prudente. Conforme situado em uma das apreciações prévias disponibilizadas pelo MPT ao G1, entre as irregularidades que devem ser apuradas, estão: alojamento sem cama, onde possui apenas colchões levados pelos próprios trabalhadores; pagamento feito em parcelas; não recebimento de vale-alimentação e cesta básica; e jornada superior a 12 horas, havendo funcionários que “trabalham 25 a 27 horas direto”.

Já na segunda apreciação, as “condições degradantes” narradas são: alojamentos precários, jornadas extenuantes e ausência de banheiro nos locais de trabalho. O denunciante relata que foi admitido em 2013 e dispensado no ano seguinte.
Desde quinta-feira (17), trabalhadores rurais estão acampados em frente à usina em Flórida Paulista (Foto: Beth Gohara/Cedida)Trabalhadores rurais ficaram acampados em frente
à usina em Flórida Paulista
(Foto: Beth Gohara/Cedida)
Outro caso é relacionado a uma usina de cana-de-açúcar em Flórida Paulista, denunciado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município como “escravidão total”. Em março,G1 conversou com trabalhadores que relataram más condições de serviço. Além disso, os trabalhadores, naturais do Nordeste do país, precisaram voltar à região de origem no prejuízo.

Na ocasião, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flórida Paulista, Roseli Carlos de Melo Esposo, relatou que havia 200 trabalhadores acampados, que dormiam no chão e não tinham água sequer para o banho. Também era escassa a alimentação, já que “estavam comendo apenas pão seco”, conforme destacou a responsável pelo sindicato.

Já o quarto inquérito era contra uma loja de carros e dizia respeito a um possível trabalho escravo por jornada abusiva e condições degradantes, no entanto, “foi arquivado por falta de interesses tuteláveis do MPT”, conforme informou o Ministério Público do Trabalho ao G1.

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